sexta-feira, 11 de setembro de 2009
ENTREVISTA NEW MOON PARA A FILMINK - AUSTRÁLIA (TRADUZIDA) PARTE 1

A Ascensão da Lua Má

O primeiro filme Twilight apareceu sorrateiro como com um ladrão na noite, e posicionou-se como um dos maiores sucessos do ano passado. E não há como a sequela escapar ao radar, Twilight: New Moon, que é sem duvidas um dos filmes mais antecipados do ano. Nesta edição especial, FILMINK falou com os actores KRISTEN STEWART, ROBERT PATTINSON, TAYLOR LAUTNER e DAKOTA FANNING, e com o novo realizador CHRIS WEITZ, no Set do filme em Vancouver, na Comic-Com em San Diego, e em Los Angels. Neste especial, nós mostramos alguns segredos deste grupo de jovens vampiros.

Por GILL PRINGLE

“Quando eu escrevo, esqueço-me que não é real. Estou a viver a história, e penso que as pessoas podem ler essa sinceridade acerca das personagens. Eles são reais para mim enquanto estou a escrever, e penso que isso os torna reais para os leitores também.” Stephenie Meyer, autora de Twilight.

Sendo-lhe atribuído a sequela dum filme que facturou US$360 milhões a nível mundial, é capaz de fazer qualquer pessoa ficar preocupada. “Sim, estou nervoso!” admite o realizador Chris Weitz, falando para FILMINK no Set deNew Moon em Vancouver, a sequela mais antecipada do sucesso do ano passado Twilight. E como se fosse necessária mais pressão, sentada com um olhar de águia atrás do monitor está somente a autora Stephenie Meyer, a mulher responsável pela popular novela vampírico-romântica que inspirou a serie de filmes. Aparentemente, a fenomenal autora não é uma presença dominadora. “Ela um pouco reservada, e não costuma falar muito,” diz o actor Robert Pattinson. “Eu dou-me bastante bem com ela.”

E com o factor que é a ansiedade crescente dos fans, juntamente com o facto da realizadora de Twilight, Catherine Hardwicke (que de forma tão eficaz colocou o seu toque pessoal no primeiro filme), não ter sido convidada para continuar a sequela. “Catherine fez um trabalho impressionante com Twilight, mas ela estava exausta,” diz o produtor Wyck Godfrey. “Ela ainda andava na estrada para publicitar o filme quando foi decidido fazer o segundo. Tivemos de ser rápidos para assegurar que a data de estreia de New Moon era exactamente um ano depois de Twilight. Isso não quer dizer que a Catherine Hardwicke não faça outro filme da saga,” afirma, mesmo que o realizador David Slade (30 Dias de Escuridão, Hard Candy) esteja já a trabalhar no próximo filme da serie, Twilight: Eclipse. Um realizador ainda tem de ser escolhido, em todo o caso, para o quarto e ultimo filme Twilight: Breaking Dawn, que está programado para ser lançado em 2011.

Weitz conseguiu afastar o cepticismo acerca da sua nomeação para realizador. Os primeiros trailers e prévias foram acolhidos calorosamente pelos fãs, e Twilight; New Moon recebeu uma resposta fervorosa pela explosão da cultura pop que é o Comic-Com. “Eu ainda não tinha lido os livros, quando me perguntaram, mas consegui apanhar muito depressa.” Diz Weitz. “Eu sequestrei-me durante horas para conseguir ler os livros.”

Apesar das suas credencias (About A Boy, American Pie, The Golden Compass) a maioria dos realizadores teriam receio em agarrar no franchise mais amado. “Claro que estou com receio, mas eu vejo isso como um bónus pelo filme já ter um elenco excelentemente escolhido.” Diz Weitz. “Não tive o trabalho de encontrar todos estes actores fantásticos. Aconteceu tudo muito depressa, mas eu estava mais ou menos pronto, e New Moon está dentro do previsto para ser lançado a 19 de Novembro.”

O filme começa, praticamente no 18º aniversário de Bella (Kristen Stewart). O seu amado Edward Cullen (Robert Pattinson) e a sua família de sugadores de sangue civilizados fazem-lhe uma festa. Enquanto desembrulha uma prenda, Bella corta-se no papel de embrulho, levando o irmão adoptivo de Edward, Jasper (Jackson Rathbone), a entrar num frenesim pela sede de sangue. Jasper ataca a Bella, mas Edward vai em sua defesa. Estimulado pelo incidente, Edward decide acabar com o relacionamento deles, para a protecção da própria Bella, e ele e a sua família foram embora da pequena cidade de Forks. Bella é deixada despedaçada: de coração partido e a nadar no fundo de uma profunda e sufocante depressão. “Não vai começar exactamente da mesma maneira,” diz Chris Weitz quando lhe perguntam o quão fiel vai ser o filme do livro. “Não vai começar com uma voz sobre a imagem. Vamos começar um bocadinho diferente - duma forma mais estilizada… mas isso é segredo. O livro em si começa com um sonho, então nós vamos entrar no sonho de forma a estilizar a sequência.”

À medida que o filme avança, nos meses que se seguem, Bella aprende que actividades radicais, com andar de moto, permite-lhe “ouvir” a voz de Edward na sua mente. Ela também procura conforto na sua dependente amizade com o rapaz simpático Jacob Black, o seu apoio e amigo de infância Nativo Americano. A natureza simples de Jacob acalma e recompõe Bella, mas ela rapidamente descobre que Jacob é, na realidade, um Lobisomem. Ele e os seus amigos lobisomens protegem Bella dos vampiros maléficos Laurent (Edi Gathegi) e Victoria (Rachelle Lefevre), que regressou a Forks depois de ter sido derrotada pelos Cullen no filme anterior.

Entretanto, uma serie de desentendimentos leva Edward a acreditar que Bella se suicidou. Desfeito com os sentimentos de tristeza e culpa, Edward voa para Itália para provocar os Volturi, realeza vampírica que é capaz de o matar…

Pondo de lado os apontamentos de Chris Weitz como realizador, New Moon está cheio de mudanças. Robert Pattinson, que foi uma das personagens centrais do primeiro filme, neste a presença dele é mais através de pensamento. “Edward é apenas uma voz no livro,” explica o actor. “Eu penso que seria muito foleiro se fosse apenas a minha voz, então eles fizeram estas alucinações, e eu apareço como sendo essas semi aparições.” Preenchendo o vazio está o actor Taylor Lautner, cuja personagem Jacob Black tem um papel muito mais importante desta vez. No meio de alguma controvérsia, os produtores do filme pensaram em novo casting, com receio de que a inexperiência relativa de Lautner não estaria á altura do papel. O jovem actor lutou contra, não só fazendo campanha para manter o papel, mas também alterando-se fisicamente – aumentando o trabalho no ginásio, e ganhando 12Kg de músculo. “Quando filmava Twilight, eu sabia que a personagem de Jacob mudava muito, então se eu queria desempenha-lo correctamente, eu tinha muito trabalho à minha frente em mim mesmo,” diz Lautner. “ Então, mal acabei de filmar o Twilight, comecei a trabalhar no ginásio.”

Algo também novo desta vez é os Volturi, um grupo de vampiros organizados que mantêm as leis do mundo dos vampiros. Eles são chefiados pelo maléfico e charmoso Aro, protagonizado pelo actor britânico Michael Sheen (Frost/Nixon, The Queen). “O papel de Michael Sheen é muito importante porque ele é o chefe de todos os vampiros,” explica o realizador Chris Weitz. “Eu vejo este actor britânico a ser capaz de qualquer coisa. Eu fui atrás do Michael quase de forma agressiva. Ele é bastante brilhante tem uma inteligência extraordinária. Aro é, aparentemente, um ser muito gracioso e um anfitrião amigável, mas no fundo ele é uma ameaça cuja personagem julgo que o Michael Sheen seja capaz de interpretar. Ele irá fazer um inesperado e assustador Aro.” Um dos servos mais cruéis de Aro é a sadistica Jane, interpretada por Dakota Fanning. “Sou tão maléfica,” diz a actriz.

Apesar das caras novas e do realizador novo, Twilight: New Moon está preparado para transmitir toda a dor, angústia e ânsia que previamente arrebatou os fãs dos livros para aceleradas palpitações cardíacas. “Há mais acção, e há mais efeitos especiais,” diz Weitz. “Mas isso são só sinos e assobios perto das personagens… até mesmo os lobisomens são pessoas, ao que me diz respeito.”

Imortalidade:

Regresso ao Twilight

Kristen Stewart: “ Foi estranhamente fácil voltar, e eu não sei o porquê. Porque tipicamente, eu deixo um projecto e tenho um processo de luto. Eu não consigo deixa-lo ir e quando o consigo fazer, tenho de o pôr de parte porque ele assombra-me. Mas eu penso que sabendo que tinha de voltar, nunca deixei que o Twilight me abandonasse. Mais, Bella é uma personagem muito distinta, e é muito madura. E eu tenho o recurso excelente; tenho uma serie de livros que são muito explícitos. O facto de toda a gente estar à espera para o filme sair, é realmente excitante. Estou satisfeita por estar a sair brevemente. Vai ser quase como um filme logo a seguir ao outro. Não estamos a dar às pessoas a hipótese de se desinteressarem dos filmes. Estou contente por gostar tanto do projecto, eu não conseguiria fazer o que quer que fosse, se fosse um pouco vazio em termos de emoção. É engraçado… quando as coisas ficam tão grandes, muita gente pensa que de repente apenas existe lugar para um filme, e eu estou feliz por não fazer parte de algo assim. O filme Twilight não mudou a minha vida, continuo a fazer as mesmas coisas todos os dias.”

Robert Pattinson: “Não foi apenas o realizador que fez este filme diferente. Também era diferente porque nós sabíamos que tipo de animal íamos lidar. Eu tenho um papel muito mais secundário neste filme. Eu comecei a gravar três semanas depois de eles terem começado, e muito das minhas primeiras filmagens foram de aparições. Sinceramente, foi dos trabalhos mais relaxantes que alguma vez fiz. Chris [Weitz] tem uma presença muito pacífica, e eu dei-me muito bem com ele. Eu praticamente estive num trabalho livre de stress durante três meses. Eu fiz muito pouco! Chris Weitz e a equipa de efeitos especiais fizeram isso de tal maneira que eu apenas tinha de estar em pé numa caixa verde e ficar relativamente sem expressão, e todas essas máquinas fizeram a acção por mim – é dessa maneira que eu gosto! Toda a pressão estava sobre o Taylor Lautner neste filme!”

MUDANDO DE REALIZADOR: CHRIS WEITZ ENTRA NA BRIGA

Kristen Stewart: “Toda a gente me pergunta se é diferente por ele ser homem em vez de mulher [Risos]. É como comparar laranjas com morangos, não podemos definir as pessoas dessa forma. Não tem nada a ver como quando foi com a Catherine. ‘Tudo bem, eu estou aqui para fazer um filme feminino’ e o Chris não está para tirar o poder feminino do filme. O que o Chris trouxe para cá foi o sentido de contemplação. Toda a gente é diferente, e não podemos generalizar. O Chris é uma pessoa com muita compaixão. E se vai ser um homem a realizar o filme, então ele é perfeito, porque é doce e sensível, mas ao mesmo tempo, ele está disposto a ir ao máximo da parte mais obscura da história.”

Chris Weitz: “Não tenho estado em contacto com [realizadora de Twilight] Catherine Hardwicke. E não por ela gostar ou não de mim e vice-versa. Eu tenho de criar a minha própria versão. Obviamente, eu quero algum grau de continuação para este filme, porque existe um grande grupo de fãs do primeiro filme. Foi um sucesso estrondoso, mas não vou refazer o que ela fez. Eu estou a tentar trazer a minha maneira de ver para o filme. Twilight lida com todos estes sentimentos profundos que toda a gente sente: primeiro o amor, depois a separação e depois o êxtase da união. Tenho sido deixado tanta vez na minha vida, sinto que consigo compreender essas personagens.”

Robert Pattinson: “A Catherine tem um estilo tão específico e um sentido de atmosfera tão grande. É um sentido completamente diferente deste. A Catherine tem uma pureza dentro dela e uma forma de visão do mundo sem críticas. O Chris é um pouco mais cínico e vê as coisas pelo seu lado mais negro. E este é um filme mais obscuro.”

Chris Weitz: “Eu sou um pouco antiquado na que diz respeito às minhas referências cinematográficas, e ao que isso chama em mim. Sou muito antiquado da maneira que componho as cenas e da maneira como movo as câmaras. Sou muito peticular acerca das tonalidades das cores, e eu realmente gosto de trazer esse tipo de coisas, de maneira a que afecte o pessoal contratado para trabalhar comigo. Eu sempre fui mais influenciado por alguém como David Lean – não que me ponha no mesmo patamar que ele – e também Kurosawa. As personagens e músicas do Twilight são contemporâneas, mas sentimos que pareça um filme antigo, épico.”

Kristen Stewart: “Catherine era realmente espontânea. O que quer que tivéssemos de fazer, tínhamos mesmo de fazer. Não tínhamos muito tempo para pensar nisso. O que quer que sentíssemos, tínhamos de o fazer. Para este filme, tivemos de considerar o porquê de dizermos o que dizíamos, e o que isso significa para as personagens. O New Moon não tem a ver com a descoberta e devoção desmedida. Tem a ver com conhecermo-nos a nós próprios e ficarmos bem connosco, e estarmos bem connosco, estando sozinhos. Foi bastante diferente nos cenários. Foi muito mais calmo, e o Chris é a pessoa mais simpática que alguma vez conheci. Ele é o tipo de pessoa que te consegue fazer sentir bem contigo mesmo. Ele demonstra tanta compaixão, consideração e preocupação com o que sentimos, tudo ao mesmo tempo. Não podemos trabalhar para alguém, a não ser que penses que eles se preocupam, e eu sinto que ele seria capaz de fazer qualquer coisa por nós no filme. E isso ajudou bastante, porque neste filme tenho de ir a lugares bem sombrios.”

Chris Weitz: “Catherine Hardwicke é muito mais manuseadora e atenta nos termos utilizados pelo seu estilo visual. Então vai parecer um pouco diferente, mas eu penso que isso tem a ver com o facto de no segundo livro seres movido para um mundo ligeiramente diferente do primeiro, apesar de ser uma continuação como é óbvio. Nós filmamos algumas cenas como no primeiro filme, o que ajuda na transição para este filme.”

Kristen Stewart: “São filmes diferentes. Eles estão literalmente divididos em quatro partes diferentes. Se não fossem filmados em sequência, era muito estranho trocar de realizadores, mas considerando que todos nós nos afastamos e deixamo-nos sozinhos sem pensar nos filmes, voltar atrás com outras pessoas, não se torna nada difícil.”

Chris Weitz: “O maior desafio é sempre este ajuste que fazemos entre a arte e o tempo que temos para o fazer. Algumas vezes isso coloca-nos muita pressão, mas algumas vezes isso também nos torna mais criativo do que se fosse de outra maneira. Podemos ter cem dias para filmar e fazer um mau filme, e podemos ter vinte dias para filmar e fazer um excelente filme.”

OBCESSÃO: OS FÃS

Chris Weitz: “Eu espero não ser perseguido por um grupo de raparigas adolescentes! Claro que, quando um filme faz tanto sucesso da primeira vez, ficamos nervosos por causa das expectativas para o segundo. Mas quanto mais avançamos nas filmagens, melhor me sinto, porque sinto muita confiança nos actores. Quando eu li o livro, apercebi-me que havia estas profundas correntes de anseio e romance nele, e herdei uma grande base de fãs, o que é incrível, porque tu sabes que as pessoas vão ver o teu filme. Em primeiro lugar essa é a única preocupação quando estamos a fazer o filme. É tão caro fazer um filme, e trabalhas no duro – e fazes os outros trabalhar no duro – que saber que outras pessoas vão ver o filme é tremendamente refrescante.”

Taylor Lautner: “As pessoas recebem estas histórias porque as personagens são relacionáveis. As pessoas podem relacionar-se com personagens diferentes e as suas experiências.”

Kristen Stewart:Você poderia dizer qualquer coisa. Eu sempre digo que é por causa de ser uma narrativa na primeira pessoa e tu estares tão dentro da cabeça da Bella, que parece natural. Sentes que não está a acontecer a outra pessoa. Sentes que está a acontecer contigo. Podes realmente colocar-te na pele dela. É uma história de encantar simples, emocionalmente. Quero dizer, é muito básico, e é por isso que as pessoas se entranham na história. É básico e sério e é descarado – isto soa a pouco sincero – mas é simples. Nós não estamos a tentar fazer declarações. É apenas uma história muito humana e poderosa.”

Robert Pattinson: “Porque é que os adolescentes gostam de vampiros? Acho que somos as pessoas erradas para perguntar isso. Eu nunca olhei para isto como uma história de vampiros. Quando o vejo, tento eliminar o elemento vampiro, tanto quanto posso, e vejo isso apenas como um instrumento para tornar o relacionamento deles mais pleno. Logo a seguir às audições, eu encontrei-me bizarramente imergido na história, e eu nem tinha lido o livro nessa altura. Fiquei mais e mais agarrado a ele. Andei a falar do guião do Eclipse com as pessoas, nas últimas semanas, e dei comigo muito argumentativo, o que não é muito usual. Eles têm definitivamente algum tipo de poder.”

Kristen Stewart: “A não ser que te ligues na internet, tu nem imaginas que toda a atenção da loucura de fãs se concentra aí. E só estão mais algumas pessoas fora dos cenários à espera de dizer olá. É a única diferença.”

Chris Weitz: “Filmar em Itália foi o maior desafio porque toda a gente sabia que íamos filmar lá… e eu quero dizer toda a gente! Estavam lá centenas de fãs, e eles aplaudiam sempre no fim de cada take, o que nunca tinha visto. Parecia um teatro ou algo assim! Ocasionalmente havia paparazzi vestidos com camuflagem ou disfarçados de pedras e coisas assim! Sim! Nós vemos as árvores que andam! Houve um pouco de tudo, mas nada realmente preocupante. De certo modo, devemos estar agradecidos porque isso mostrava o nível de interesse e excitação em volta do filme.”


Fonte: Twilight Portugal